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Como lidar com a síndrome de Pusher do meu familiar que teve AVC?

  • Foto do escritor: Fernanda Botta
    Fernanda Botta
  • 28 de mar. de 2024
  • 3 min de leitura
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Após um longo período sem postar no Blog, estou retornando esse canal de comunicação e quinzenalmente teremos por aqui conteúdos relevantes relacionados a reabilitação de pessoas com doença de Parkinson e AVC.


Desde dezembro estou atendendo em meu consultório na Vila Mariana uma senhora que sofreu um AVC. No início do tratamento, notei que quando a sentava, ela deslocava todo o corpo para a esquerda, o lado mais acometido do AVC e que estava paralisado.


Essa alteração é conhecida como “Síndrome de Pusher” ou “lateropulsão”, e é um fenômeno que ocorre com alguns pacientes que sofreram AVC e que quando estão sentados ou em pé, acabam deslocando o corpo (mesmo sem perceber) em direção ao lado mais afetado do AVC (o que é contraditório visto que o lado mais afetado é também o mais fraco).


Essa alteração atrasa a reabilitação da pessoa com AVC, aumenta o risco de quedas e afeta a capacidade da pessoa em mover-se e participar ativamente da realização das tarefas do dia a dia. Por esse motivo, é muito importante que eu como fisioterapeuta saiba manejar essa sequela e saiba também como orientar a família para que a gente possa minimizar esse problema e impedir que ele impacte negativamente na recuperação de quem teve o AVC.


Quando estou diante de um quadro desafiador como esse, eu sempre gosto de fazer uma pesquisa na literatura científica para me atualizar em relação aos tratamentos e proporcionar aos pacientes da Próximos Passos o que há de mais moderno e recomendado na literatura.

Recorri então a uma busca científica e li o artigo científico acima, publicado ano passado em uma revista de relevância, para me atualizar sobre o tema e proporcionar a essa paciente um acompanhamento centrado na prática baseada em evidências (isso é, aquilo que realmente tem resultado). E tem dado certo e ela tem conseguido manter-se muito mais alinhada do que no início do tratamento.


Compartilho agora como devemos fazer, enquanto familiares e cuidadores, para lidar com a síndrome de Pusher e auxiliar a pessoa com AVC a ter uma recuperação mais efetiva de suas sequelas.


Primeiramente é importante você entender que a pessoa não tem consciência que ela está desalinhada para o lado mais afetado do AVC. Um outro aspecto importante é compreendermos também que as referências visuais não são efetivas para ajudar a pessoa a se realinhar. Isso significa que pedir para que a pessoa “ficar reta” a partir do que ela está vendo (como por exemplo, colocá-la em frente a um espelho e dizer: "olha, você está torta, se arrume") é uma estratégia que não levará a nenhum resultado.


Quando temos um familiar com síndrome de Pusher, o correto é auxiliar a pessoa a criar a consciência de que ela está se jogando para o lado mais afetado do AVC e fazer isso a partir do uso de pistas sensoriais além da visão. Por exemplo, você pode se sentar do lado não afetado da pessoa e pedir para ela trazer o ombro dela mais próximo do seu, de forma que vocês se toquem. Isso a ajuda a direcionar o corpo para o centro e, consequentemente, ela tem uma informação tátil (do toque dos ombros) dessa nova posição. Você também pode pedir para a pessoa fechar os olhos e prestar atenção no peso que está sobre a pelve (se ela estiver sentada) ou sobre os pés (se ela estiver em pé). O peso estará direcionado sobre o lado mais afetado, e você pode então pedir para a pessoa se concentrar em direcionar o peso de forma que ele fique equilibrado na base de suporte.


É importante você como familiar, não ficar forçando manualmente a pessoa a se alinhar pois na verdade isso acaba fazendo com que a pessoa se desloque ainda mais para o lado errado. A solução do problema está em fazer a pessoa com AVC se conscientizar dessa alteração e isso só será possível se ela se perceber. A síndrome de Pusher é um desafio na reabilitação fisioterapêutica de pessoas com AVC e está relacionada com piores resultados na recuperação e tempo mais longo de reabilitação.


Por isso é fundamental que o profissional seja especialista em AVC e esteja atento aos sinais, para que as estratégias adequadas de tratamento sejam iniciadas o mais precocemente possível e assim minimizarmos o impacto desse problema na recuperação da pessoa. Se você tem notado que seu familiar está se jogando muito para o lado mais acometido pelo AVC, saiba que ele pode estar vivenciando a síndrome de Pusher e algumas medidas adicionais precisam ser tomadas na fisioterapia.


Para saber mais sobre o tratamento especializado em AVC que oferecemos na Próximos Passos Fisioterapia, na Vila Mariana, entre em contato pelo número (11) 94423-8751 e será um prazer lhe atender.


Com carinho,

Fernanda Botta

Fisioterapeuta

CREFITO-3/192115-F

 
 
 
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