Guia prático para prevenir quedas na doença de Parkinson
- Fernanda Botta
- 29 de out. de 2023
- 3 min de leitura
Você tem doença de Parkinson há alguns anos e começou a cair? Provavelmente você está no estágio 3 (moderado) da doença e é hora de se cuidar ainda mais. Nesse guia você terá acesso a um resumo do que fazer para reduzir seu risco de cair. Todas as informações são baseadas em estudos recentes, que foram explorados no artigo científico abaixo publicado em agosto de 2023 sobre esse tema na Movement Disorders Clinical Practice, a principal revista científica de doença de Parkinson do mundo!

Eu sei que muitas pessoas com doença de Parkinson acabam vivenciando tantas quedas que acabam a normalizando, mas eu gostaria de reforçar que queda é um evento PERIGOSO, que pode trazer consequências sérias... portanto cair não é normal e um dos objetivos principais da fisioterapia neurológica é minimizar ao máximo esses episódios.
Mas apesar de cair não ser algo normal, os estudos apontam que a frequência de quedas em pessoas com Parkinson é 2 vezes maior do que em idosos saudáveis da mesma idade e você pode estar se perguntando o por que isso ocorre, não é mesmo?
Bom, a doença de Parkinson afeta os gânglios da base, que são estruturas responsáveis pelo controle dos movimentos automáticos (isso é, aqueles movimentos que não precisamos pensar para realizar). E andar nada mais é do que um dos nossos principais movimentos automáticos. Isso é, os mecanismos que controlam a nossa locomoção, nosso equilíbrio e nossos movimentos estão prejudicados em quem tem Parkinson e isso faz com que quem conviva com a doença tenha maior risco de quedas.
Como fatores de risco para elas, os autores destacam que tanto sintomas não motores como a hipotensão ortostática (isso é, a pressão baixa quando se está em pé), o medo de cair e os prejuízos em aspectos cognitivos, quanto sintomas motores como a instabilidade postural (desequilíbrio), o freezing de marcha, a lentidão para andar e/ou a fraqueza nas pernas estão relacionados com risco aumentado de quedas.
Isso é, se você vivencia qualquer uma dessas dificuldades, você tem mais risco de cair do que outras pessoas com Parkinson que não as vivencia e isso significa que se você ainda não começou a fisioterapia especializada em Parkinson, agora é hora de começá-la.
Os estudos apresentados no artigo demonstram que fazer exercício físico reduz em 35% a chance de quedas em pessoas com Parkinson, sendo essa uma estratégia recomendada pelas principais diretrizes mundiais para prevenir quedas.
Mas qualquer exercício é RECOMENDADO para prevenir quedas em pessoas com Parkinson? O artigo acima nos responde essa pergunta e nos explica que NÃO.
Para prevenir quedas é fundamental que a pessoa com Parkinson faça exercícios que chamamos de MULTIMODAIS, isso é, que englobem diferentes estratégias, como o treino de balance, de mobilidade funcional e de força muscular. A prática de TAI CHI também é bastante recomendada, com boas evidências científicas!
Além disso, é necessário que a marcha também seja treinada, mas sempre em condições de dupla tarefa, isso é, o treino de marcha deve estar associado a realização de tarefas cognitivas que envolvam treinos de atenção, memória, linguagem e função executiva, o que fazemos sempre nos atendimentos aqui na Próximos Passos.
Tão importante quanto saber o que deve ser feito, é saber aquilo que deve ser evitado. E esse guia publicado na Movement Disorders Clinical Practice nos trouxe evidências de que apenas realizar alongamentos e exercícios de fortalecimento das pernas não é suficiente para reduzir o risco de quedas em pessoas com Parkinson.
Isso é, se você tem feito apenas academia como uma estratégia para tratar a doença de Parkinson, você não está a tratando da maneira mais completa possível e outras estratégias de treinamento precisam ser iniciadas para você ter a doença sob controle.
Por fim, uma conclusão importante trazida no artigo em questão é que um estudo demonstrou que fazer exercício de forma supervisionada é mais efetivo em reduzir o número de quedas do que intervenções em que a realização dos exercícios é feita de forma parcialmente supervisionada ou independente. Resultado que evidencia a importância de um acompanhamento fisioterapêutico especializado para pessoas com doença de Parkinson, principalmente a partir dos estágios moderados da doença, em que a alteração de equilíbrio se torna uma queixa.
Em conclusão, esse artigo mostra que a melhor forma de prevenir quedas é por meio da realização de exercícios físicos supervisionados e prescritos por um profissional habilitado!
Na Próximos Passos Fisioterapia oferecemos o tratamento adequado para prevenir quedas em pessoas com doença de Parkinson.
Ficou com alguma dúvida ou gostaria de entrar em contato para saber mais sobre o nosso trabalho e como podemos ajudá-lo a prevenir quedas? Entre em contato no (11) 94423-8751. Estamos localizados na Vila Mariana - SP.
Com carinho,
Fernanda Botta.
Fisioterapeuta.
CREFITO-3/192115-F